domingo, agosto 31

31 de Agosto de 1867: morre Charles Baudelaire.

L'Étranger

- Qui aimes-tu le mieux, homme énigmatique, dis? ton père, ta mère, ta soeur ou ton frère?
- Je n'ai ni père, ni mère, ni soeur, ni frère.
- Tes amis?
- Vous vous servez là d'une parole dont le sens m'est resté jusqu'à ce jour inconnu.
- Ta patrie?
- J'ignore sous quelle latitude elle est située.
- La beauté?
- Je l'aimerais volontiers, déesse et immortelle?
- L'or?
- Je le hais comme vous haïssez Dieu.
- Eh! qu'aimes-tu donc, extraordinaire étranger?
- J'aime les nuages... les nuages qui passent... là-bas... là-bas... les merveilleux nuages!

Charles Baudelaire
in "Le spleen de Paris"

sábado, agosto 30

Jazem já algumas horas sobre os escombros da visão, algures na TV, do nosso da Defesa. E rezava qualquer coisa assim: "(...)uma falta de respeito pela privacidade de um acto de fé!"
Juro que, só por um instante, ouvi um beato "auto de fé"...
Caro PG, ao usar a palavra "laia" para designar um conjunto de poetas e dramaturgos ao qual juntei Ibsen, lembrei-me das críticas de Benjamin Péret sobre o conformismo subjacente a inúmeros autores, cuja acção sobre o real se limitaria a meras expressões inofensivas. De facto, a palavra terá algo de depreciativo, e usei-a injustamente no contexto. Sem dúvida, terei bastante mais cuidado de futuro.
Um abraço.

sexta-feira, agosto 29

O PG do Bloguítica Nacional diz o seguinte sobre o meu post cidadania (2):
«Antes de prosseguir o debate sobre o assunto, fico entao 'a espera do resumo esclarecedor e, ja' agora, de sugestoes sobre o caminho que o debate deve seguir...»
Sensível...
Não pretendi, de todo, elevar-me ao estatuto de monopolizador de um debate do qual, espero, primordialmente, aprender. Faço um mea culpa pois o que escrevi poderá dar azo a interpretações que não espelham o que pensava quando o fiz. De qualquer modo, reformulo no sentido de apresentar uma proposta para futura discussão, a sofrer alterações ou simples descartamento da parte de outros possíveis intervenientes na discussão.

P.S.: relativamente à minha pequena provocação ao Ibsen, citando Cioran, não passa disso mesmo, uma provocação. Já à frase «Suspeito que AP nao faz a mais pequena ideia de quem foi Henrik Ibsen» esboço um sorriso e não levo a mal. Mas não vejo nem sentido nem utilidade em seguir esse caminho...
A contra-frase do dia (para o PG do Bloguítica Nacional, a todos da laia de Henrik Ibsen)

«(...) Qualquer pessoa pode salvar-se por meio do sono, qualquer pessoa tem génio quando dorme: não há a menor diferença entre os sonhos de um carniceiro e os sonhos de um poeta.»
E. M. Cioran
in «A Tentação de Existir»
cidadania (2)
A discussão sobre a cidadania perdeu-se um bocado no ar. No seio do pequeno grupo de blog's onde ferve a sopa dos cidadãos cada um aponta para um sítio diferente. Ele é o conceito de cidadania, a questão da falta de informação, as liberdades individuais, etc. Por agora vou deixar os neo-liberais discutir - sim... os outros blog's são de inspiração neo-liberal. Para quem veio parar aqui por engano sou um perigoso esquerdista.
Tentarei fazer um apanhado da discussão através das entradas já registadas e resumi-la a dois ou três pontos importantes para que consigamos progredir com alguma coerência.
Às insónias crónicas do AP,

"O relógio que está lá para trás, na casa deserta, porque todos dormem, deixa cair lentamente o quádruplo som claro das quatro horas de quando é noite. Não dormi ainda, nem espero dormir. Sem que nada me detenha a atenção, e assim não durma, ou me pese no corpo, e por isso não sossegue, jazo na sombra, que o luar vago dos candeeiros da rua torna ainda mais desacompanhada, o silêncio amortecido do meu corpo estranho. Nem sei pensar, do sono que tenho; nem sei sentir, do sono que não consigo ter. (...)
Durmo e desdurmo.
(...)
Passo tempos, passo silêncios, mundos sem forma passam por mim.
Subitamente, como uma criança do Mistério, um galo canta sem saber da noite. Posso dormir, porque é manhã em mim. E sinto a minha boca sorrir, deslocando levemente as pregas moles da fronha que me prende o rosto. Posso deixar-me à vida, posso dormir, posso ignorar-me... E, através do sono novo que me escurece, ou lembro o galo que cantou, ou é ele, de veras, que canta segunda vez."

Cortesia do Sr Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa.
Cidadania

No seguimento de uma reflexão sobre a cidadania, Neptuno, do mar salgado, que iniciou a "discussão", retoma a conversa. Faço aqui uma pequena pausa no raciocínio que iniciei num post anterior para escrever algumas linhas sobre dados novos. Na sua entrada CIDADANIA II, encontro três focos que pretendo comentar:

1. A participação dos cidadãos na responsabilização dos representantes através da justiça.

"A cidadania que se pretende é aquela que, para além dos direitos inerentes a um sistema democrático, assegure aos cidadãos que o seu voto conta - na responsabilização dos políticos que erraram por acções, inacções ou ausências - e que terão sempre a possibilidade de fazer valer os seus direitos na justiça - ainda em vida - e de verificar que os infractores são castigados."

De facto, não interpretei a primeira entrada de Neptuno como uma não tão ambiciosa participação cidadã na política activa - resumindo-se à garantia judicial da responsabilização dos políticos, para além dos direitos inerentes a um sistema democrático. O que escrevi baseia-se numa concepção que supere o crescente esgotamento do modelo de democracia exclusivamente representativa - bem patente nos números da abstenção -, que não se resuma, portanto, ao mero acto de votar acrescido, como propõe, da responsabilização dos representantes eleitos.
Sendo assim, não me propus a entrar numa reflexão tendo como centro a discussão sobre a dicotomia poder político vs poder judicial, e nem o farei, considerando que não consigo reduzir a democracia como a entendo a essa bipolaridade (o raciocínio que iniciei numa entrada anterior sobre os espaços em que a participação dos cidadãos teria expressão fica para mais tarde).


2. Dois tópicos que deixa para reflexão:
2.1.
"(i) as "jotas", de onde saem 90% dos nossos (?) políticos, como escolas de carácter"

Sem dúvida que as juventudes partidárias são, neste momento, um espelho hiperbolizado dos mecanismos dos diferentes aparelhos. Seja em regras organizativas ou pensamento ideológico. Algo que irá, a manter-se, perpetuar indefinidamente um sistema político com muitas dificuldades em reformar-se por dentro. Mais um motivo para que a acção política, a tomada de decisões, não se encontre exclusivamente dentro da esfera partidária, pois não basta que os responsáveis políticos se encontrem sob a tutela do poder judicial.

2.2.
"(ii) a vontade que terá qualquer cidadão de intervir na política se for confrontado com a realidade dos "aparelhos" e/ou de uma imprensa sem tutela dos (e apenas dos) tribunais."

Encontro aqui duas realidades distintas: o cidadão perante a realidade dos "aparelhos" e a responsabilidade da imprensa como "Poder". Relativamente à primeira, voltamos à questão dos espaços de intervenção do cidadão na política, que penso não se poder resumir, no futuro, aos partidos. De qualquer modo, não defendo o seu término, antes uma mudança profunda na forma-partido para que, mesmo interiormente, a política como acto democrático de reflexão e tomada de decisões se realize horizontalmente, em detrimento de uma política "imposta" de cima para baixo. Já a responsabilidade da imprensa é outra questão. Sinceramente, causa-me arrepios a tutela dos tribunais sobre a imprensa. De facto, ultrapassam-se limites amiúde nos dias que correm, mas coloco a responsabilidade sobre estratégias de sobrevivência numa sociedade caótica de mercado cuja lógica empresarial não deixa, de todo, espaço para um jornalismo verdadeiramente humano, em todas as suas dimensões.


P.S.: O Gabriel no cidadão livre e o PG no bloguítica nacional já realizaram outras entradas sobre o tema - vi agora. De uma afirmação de Gabriel: discordo, por completo, da redução da cidadania a uma mera educação cívica. Vejo uma atitude desconsolada e acomodada perante um facto que julgam incontornável - a alienação informativa de muitos cidadãos. Ora através da constatação de um facto como esse(descrito mais profundamente há quase 200 anos), tomando-o como insuperável, justificam a manutenção do Statu Quo. A discussão que considero relevante roda em torno de como superar essa lacuna...

quinta-feira, agosto 28

Reafirmação de posição política, de forma caricatural, deste membro (AP - Alberto Pereira) do foi um ar que se lhe deu:
Voa Carrero Blanco, voa!
são 4 da manhã [quando teclo este texto off-line]. acabo de estar com alguns dos parceiros deste duplex [regressado que estou hoje dos açores a coimbra]. lembro-me agora de uma coisa caricata que me ocorreu no dia que passou. não há nada melhor e intelectualmente bastante soft (depois de dormir, é claro) para passar o tempo de viagens em avião do que ler jornais de grande tiragem e circulação (maneira simpática de me referir aos jornais tablóides e aos desportivos). deram-me a escolher entre o 24 horas e o diário económico, nem pestanejei, apesar de a menina hospedeira ter esse jornal generalista [em quê??] de referência [para quem??] bem á frente do outro. escolhi o DE (o mal menor). fiquei a saber que o nosso(??, salvo seja!!!) governo pensa diminuir os impostos ás empresas [quando quase nenhumas (que não sejam públicas) pagam impostos!!] e pensa(??) diminuir o investimento do estado. assim como raio vamos recuperar do nosso ciclo económico negativo?? mas desde que me acusaram de machista por dizer que a manuela ferreira leite era frígida como ministra das finanças deixo de dar bitaites quanto ás políticas económicas e fiscais do raio da mulher. lido(?) numa penada o DE pedi á menina ao meu lado no avião se me podia passar A Bola por onde ela também havia dado uma vista de olhos [mais rápida ainda do que a minha pelo DE]. li-o(??) e deparei-me com um anúncio (institucional?) sui generis: "AOS CONDUTORES “Ao ver uma criança a correr, para o meio da rua, trave, porque geralmente atrás dela, vêm outras�". de quem é o anúncio institucional? da prevenção rodoviária portuguesa (a tal a que o vara queria dar uma fundação)! ainda dizem que o carlos cruz e o ritto deviam ser soltos!! qual prevenção?? qual rodoviária?? raios partam este país de pedófilos!!! como escreveu o almada: "se eles são portugueses eu quero ser espanhol". maldito sejam todos os dantas!!
O PG, no bloguítica nacional, faz uma entrada de reflexão sobre o espaço de cidadania - motivada por uma outra entrada no mar salgado-, onde se levantam várias questões que não podem ser ponderadas e reflectidas num só post, nomeadamente:

1 - Os partidos políticos perante os espaços de participação dos cidadãos no processo democrático.

2 - A expressão prática do processo democrático como espaço onde os cidadãos interviriam - será suficiente o modelo vigente da democracia representativa?

3 - As limitações dos indivíduos nesse espaço de intervenção, devido à falta de informação - toda uma outra discussão seriam as causas da falta de informação.

Por agora limitar-me-ei ao primeiro ponto, relativo às previsíveis posições dos partidos políticos perante qualquer tentativa de expressão de cidadania.
Por definição, os partidos com acento parlamentar possuem a exclusividade da representação dos cidadãos nas decisões que irão afectar todos. Para eles, excluindo, por agora, os sindicatos, com contornos históricos diferentes, o espaço de cidadania resume-se a meros grupos de reflexão e de intervenção cívica, sem palavra na tomada de decisões. Os movimentos sociais, por exemplo, como catapulta emancipatória dos cidadãos relativamente a um poder político exclusivamente partidário, são vistos com maus olhos em todo o espectro político.
O PS, na recente rentrée, pela voz de Ferro Rodrigues, fez questão de deixar claro que considera esses movimentos meramente "parceiros de diálogo" e que o processo democrático encontra-se exclusivamente dentro do arco dos partidos.
Relativamente ao PC, a lógica da existência de direcção política é incontornável, com os sindicatos - controlados - a fazer de ponte para os trabalhadores, alvo preferido.
O BE, com toda uma constelação de pequenos partidos que fazem cedências uns aos outros no seu seio, não o concebo como algo mais que um mero colégio eleitoralista, para o qual quanto mais visibilidade, melhor - ainda assim, o fantasma de alguns movimentos sociais como frentes de luta controladas, ninguém mo tira.
Da Direita não falo.

Mesmo no interior dos partidos, os militantes de base não possuem, muitas vezes, capacidades - quer individuais, na falta de formação, quer em imposições por regras organizativas - para participar em reflexões e actividades políticas. Neste contexto, uma das soluções seria, sem dúvida, a alteração da forma-partido como a conhecemos, no sentido organizativo, vinculando (e esta é uma palavra-chave) os seus militantes, através da responsabilidade de participação em determinadas áreas políticas.

Não me quero alongar mas, ainda assim, muito fica por dizer.

P.S.: Em entradas posteriores falarei dos dois pontos remanescentes, deixando ainda espaço para que os meus colegas de blog reflictam sobre o assunto (para ver se escrevem...).

quarta-feira, agosto 27

Subscrevo inteiramente as palavras de Boris Vian: Escrevo cheio de comodidade porque uma vez aberta, a gaveta de baixo é excelente para apoiar o pé.
Paralelismos
No decorrer da 2ª Guerra Mundial, logo após o ataque Japonês à base americana de Pearl Harbour, os EUA da são percorridos por uma vaga repressiva e discriminatória sobre todos os cidadãos de origem nipónica. As perseguições, prisões arbitrárias e deportações são uma constante que revela bem o medo de um Estado policial que se julgava, até à altura, inexpugnável. Também no pós 11 de Setembro de 2001, colocada a nu a vulnerabilidade do território americano, o clima de medo propiciou o reviver da História, agora contra os cidadãos de origem �rabe. As coincidências, todavia, não se ficam por aqui.
A propaganda que esconde a morte de seres humanos com o véu dos "danos colaterais" tem também antecedentes com contornos macabros. Durante a década de oitenta, um escritor e investigador, James Bacque*, revela a existência de centenas de milhares de prisioneiros alemães que morreram de fome, sede e de doenças em campos de prisioneiros americanos na França e Alemanha após a rendição de Hitler. Nos relatórios apresentados às instâncias internacionais, como a Cruz Vermelha, e para registo, era recorrente o uso da expressão "outras perdas" para designar os prisioneiros desaparecidos. De acordo com a Convenção de Genebra (CG), todos os prisioneiros de guerra (POW's) teriam (e têm) de ser devidamente tratados, com alimentação e cuidados de saúde condignos. De facto, os EUA não violavam a CG, no caso dos POW's, antes contornavam essa imposição com a designação DEF (Forças Inimigas Desarmadas), fora do abrigo da Convenção. Eisenhower, que idealizou essa pérola, assinou várias "directivas" no sentido de alterar o estatuto de campos de POW's para DEF. Hoje, em Guantanamo e nos países com cenários de guerra, são constantemente ultrapassadas as disposições da CG e da Declaração Universal dos Direitos do Homem através da negação de declarar os prisioneiros como "de guerra" com a designação "terroristas"...

* Outras Perdas, James Bacque, edições ASA

terça-feira, agosto 26

Já repararam que, com as devidas excepções, a Direita na blogosfera é muito mais intransigente, arrogante, egoísta, menos tolerante, que a Esquerda? Um exemplo paradigmático é a questão em torno do conflito Israelo-Palestiniano, em que, da enorme quantidade de entradas que li sobre o assunto, os blogs de esquerda nem uma única vez - que tenha lido - mencionaram o povo israelita como causador do Mal no médio-oriente. Fala-se do exército, do governo, da ala ultra-ortodoxa, mas nunca genericamente de um povo. Ora nos blogs conservadores não leio senão os palestinianos retratados como uma corja de fundamentalistas assassinos de crianças. Isto por um motivo: é o único modo que possuem de fazer vingar a sua "razão"/posição numa visão bipolar e, consequentemente, radical, que têm do mundo em que vivem. Ressalta-me como uma deslocalização mutante do Der Ewige Jude (documentário propagandista nazi que retratava o povo Judeu no seu todo como ladrões, parasitas, etc ) do departamento de Goebbels.

segunda-feira, agosto 25

Não nos esqueçamos da História, sob o preço de voltar a cometer os erros do passado.
Em 1921, o tenente-general Britânico Sir Stanley Maude, proclamou em Bagdad: "Os nossos exércitos não chegam aqui como conquistadores, mas como libertadores."
No espaço de poucos anos, mais de 10000 pessoas morreram em confrontos com os Britânicos, que gasearam e bombardearam os "terroristas".
Eu bebi sem cerimónia o chá
À sombra duma banheira decorada
Num lago de xam pô

E dormi como uma pedra que mata
Senti as nossas vidas separadas
Aquário de ostras crú


Nota:pequeno exercício. A que música pertencem estes versos?
Não resisto a transcrever para aqui um pequeno texto de Júlio Henriques, extraído do seu Deus tem caspa - na secção Noiticiário, e que, por este andar, se tornará intemporal.
O importante incêndio que desde anteontem alastra na zona centro não foi afinal oficialmente confirmado. Segundo o comandante das corporações de bombeiros que teoricamente deveria encontrar-se no local, entrevistado em casa pela nossa reportagem, à hora de jantar, o referido fogo, com uma frente de dez a quinze quilómetros e que terá já destruído cento e cinquenta hectares de floresta, não terá finalmente ocorrido. Segundo palavras do Sr. Comandante Alves Sousa, «fomos portanto de facto alertados para o sinistro a que se refere, mas não o conseguimos comprovar por falta de meios técnicos, de modo que portanto regressámos à base.» Pudemos de resto confirmar, junto do Instituto Nacional de Estatística, que há ainda, em todo o País, vastíssimas zonas arborizadas devidamente aptas a arder.
A Libéria vai ter um presidente autóctone.
Sempre é mais do que se pode dizer do "Grande Estado da Califórnia".

domingo, agosto 24

É, por esta altura, um pouco difícil manter uma cadência razoável de entradas neste vosso blog.
Primum vivere, deinde filosofare.
A Direita Portuguesa, normalmente tão caseira, incorre num fenómeno interessantíssimo esporadicamente. Sempre que, em Cuba, Fidel evacua os intestinos, clama chocadíssima por qualquer coisa atentatória dos direitos do Homem. É um ódio de estimação.
Confessem saudosistas Salazarentos: ainda estão chateados por Cuba ter fornecido armas a Agostinho Neto, em Angola e a Amílcar Cabral, na Guiné-Bissau, na década de sessenta, durante a guerra colonial.
logo
Ainda o artigo de Helena Matos
Eis aquele que Helena Matos diz ter contribuido mais para o bem estar da sociedade que Marx: Henry Ford (ao centro).
Ah, já agora, nesta fotografia é galardoado com a Grande Cruz da �guia Alemã por diplomatas Nazis.

sábado, agosto 23

Helena Matos, no Público de hoje, sábado, volta a demonstrar a arrogância simplista e demagógica do pensamento arcaico de Direita. Se, por milagre, fosse retirada a venda que possui nos olhos, revelar-se-ia cega. Para a autora, os grupos "terroristas" ou encontram móbil em convicções religiosas e de superioridade moral ou porque abominam o modo de vida da sociedade ocidental. Posso assim presumir que são essas as bases de todos aqueles que lutam na Irlanda, Nicarágua, México, Tchechénia, Palestina, Euskadi, Curdistão, etc? Não creio. Fundamentalismo religioso? Não será também um bom rótulo para os judeus ultra-ortodoxos de Israel ou o protestantismo norte-americano?
Não existe qualquer legitimidade no terrorismo, reitero uma vez mais. Falo de todas as formas de terrorismo, inclusivé a legitimada pelas eleições democráticas num Estado, seja ele os EUA, Israel, Rússia, Cuba, ou qualquer outro. É abominável que se estabeleçam diferenças entre uma pessoa assassinada em Israel ou na Palestina, nos EUA ou no Afeganistão.
No caso do Iraque, Saddam era um ditador horrível e o povo estará bem melhor sem ele, sem dúvida, mas o que «certos sectores de esquerda» apontam, e muito bem, é a política de dois pesos e duas medidas levada a cabo, neste caso, pelos EUA, que servem, acima de tudo, os seus próprios interesses - recorrentemente os sucessivos Governos comportam-se de igual modo. Não será Pervez Musharraf igualmente odioso, por exemplo? Para além disso, aceitando a agressão ao Iraque, ser-me-ia bastante difícil condenar uma invasão do Paquistão pela �ndia por exemplo, se estes evocassem a libertação do povo do jugo ditatorial.
Por muito que custe admitir à Direita, não existe qualquer saudosismo soviético e anti-americano. Existem sim duas palavras que lhes parecem não ter qualquer sentido: Liberdade e Igualdade.
Ouço Midnight Oil:
«How can we sleep while the beds are burning»

Bem... de facto...
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Jackson Pollock
Li num qualquer blog uma observação ignorante e conservadora, superficial, sobre o crédito dado a pintores cujas obras fogem ao hiper-realismo cómodo, quer sejam provenientes do abstraccionismo, do expressionismo, do surrealismo, etc - como se uma obra existisse per se, dissociada do seu criador ou até do próprio acto de criação. O autor de tal peça grunhia sobre rabiscos feitos por animais ou algo assim. O mais impressionante é que usou um quadro de Jackson Pollock para ilustrar o seu devaneio infantil.
Jackson Pollock, muitos anos antes dos cientistas definirem teorias sobre o caos e os fractais, passo fundamental para a compreensão de como fenómenos da Natureza são criados, usava processos semelhantes nos seus quadros. Os flocos de neve, as linhas costeiras ou a orla das nuvens são exemplos de fractais. No floco de neve cada pequena extensão ou braço, se ampliada, exibirá inúmeras outras extensões, que ampliadas exibirão outras, etc. Cada grau de magnitude representa um nível de fractal. O mesmo processo pode ser usado para os outros exemplos que apresentei. Das análises provenientes da teoria do caos e dos fractais foi possível, por exemplo, estimar o comportamento do clima (embora com os resultados conhecidos...).
Pollock não tinha a consciência científica das representações que criava mas deliberadamente procurou, ao longo de anos, refinar o método de trabalho no sentido de chegar o mais longe possível. O aumento do tamanho dos quadros, o facto de os deitar no chão, as constantes deambulações em redor das obras, num processo dinâmico igual ao da Natureza, tudo aponta nesse sentido.
Um só quadro seria concebido ao longo de vários meses durante os quais Pollock construiria uma rede densa de trajectórias de tinta. Até mesmo este processo cumulativo e repetitivo é extraordinariamente semelhante à evolução de padrões na Natureza.
Jackson Pollock descrevia a Natureza sem a copiar como outros pintores. Usava os processos naturais, criando os seus próprios padrões, e as suas obras são criações tão impressionantes como as flutuações do coração, a mancha vermelha em Júpiter ou um floco de neve.

P.S.: Já agora, em 2000 Ed Harris realizou e interpretou Pollock, um excelente filme sobre a vida de Jackson Pollock. A não perder.

sexta-feira, agosto 22

Por qualquer razão que desconheço, statu quo que espero manter, sempre que folheio o blog de JPP (não coloco link na tentativa de evitar que batam à porta hordas de bárbaros irados) e leio uma entrada onde transparece uma postura notoriamente paternalista perante críticas de terceiros, imagino o autor de maillot cor de rosa, sabrinas e cabelo molhado, concentradíssimo na execução de uma peça de Petipa e Tchaikovsky.
Não posso deixar de ter esperança no desenvolvimento da investigação no campo da genética. O neoliberalismo tem, necessariamente, de ter origem num factor de mutação num, ou mais, dos pares de ácidos-base que compõem cada um dos genes do ser humano, tornando-se assim passível de terapia. É o futuro da Humanidade que está em jogo.
Israel assassina, não, as minhas desculpas, garante a segurança através da eliminação selectiva exclusivamente de terroristas. Concordo. Mas para Israel cada Palestiniano é um terrorista (se a sua idade for superior a 14 anos) ou um potencial terrorista (se a sua idade for inferior a 14), o que na prática, fruto da prevenção, é indiferente.
Ana Sá Lopes (que, para quem não sabe, ainda é, para mim, quem melhor escreve no jornal do Zé Manel anti-comunista-com-pulg'atrás-da-orelha) juntou-se ao Hall of Fame que é o Glória Fácil - não será muito difícil chegar à glória com aquele grupo. Se aparecer um blog com palavras cruzadas deixo de comprar jornais.
Retorna o meu irmão dos territórios ocupados no Sul do País com um punhado de búzios que encontrou por lá - junto ao mar presumo. Um leve esgar alucinado e de orgulho percorre-lhe a fronte. Digo-lhe que passei por algumas praias no Litoral centro durante um ou dois dias. Mas só encontrei algas e merda de porco.

quinta-feira, agosto 21

a próxima peça do CITAC (com base em textos do Sartre e da Simone) está a ser escrita e discutida on-line pelos membros do CITAC e pelo próprio encenador,aqui. vou usurpar da minha liberdade e também pôr o blog do CITAC nos nossos locais aconselhados.
Como é bom estar na praia... ao sol... a jantar bem... bom marisco... a ler uns gajos marados como o Pessoa e o seu "Banqueiro Anarquista", o Derrida, o Miguel Esteves Cardoso... Começo a pensar tornar-me anarquista... parece-me que o pessoa tem razão... libertação economica de mim próprio é uma ideia agradável... Estar na praia, "mirar" as belas fêmeas que deambulam pelo areal... imaginar a Halle Berry a sair da água... belas visões de verão... férias...
Queria dizer algumas coisas sobre o atentado contra a ONU no Iraque. Desconheço se este atentado foi perpetrado por algum movimento de libertação iraquiano, mas o que vou dizer não vai muito no sentido de tentar esclarecer quem está por detrás do atentado mas as possíveis razões e as prováveis consequências do mesmo. Há que esclarecer uma coisa primeiro. Para se perceber as razões do atentado é necessário pensar como um iraquiano. Para qualquer iraquiano a ONU é a organização responsável por um embargo de dez anos que conduziu à morte de centenas de milhar de cidadãos iraquianos entre homens mulheres, e crianças. Para qualquer iraquiano a ONU representa dor e sofrimento, representa um braço dos EUA, e mais do que isso, representa dor e sofrimento. E aqui temos as causas do atentado sendo isto que me leva a duvidar se o atentado foi levado a cabo por um grupo terrorista organizado fiel a Saddam ou por um grupo pertencente a algum movimento de libertação. Encaminho-me mais para a primeira hipótese. Quanto às consequências, parece-me que os iraquianos deram um enorme tiro no pé. Desconhecendo as reais intenções da ONU no território iraquiano e, mais do que isso, desconhecendo as intenções e a caracterização de quem estava à frente da organizaçao no território, poderão ter eleminado o único que se poderia opôr ao estado das coisas no iraque e à forma como as forças da coligação se têm imposto perante os iraquianos. Nâo quero desta forma fazer um retrato suave ou quase de "defensor dos pobres e dos oprimidos" de Sérgio Vieira de Mello, tenhamos atenção nisto, este homem sempre foi um aliado dos interesses dos EUA e do grande capital. Em Timor tratou muito bem de conduzir o país à tão desejada democracia, e de vender o petróleo aos EUA. Contudo considero que foi um homem sério e honesto, e que fez um trabalho humanitário válido, estando, de facto, a ser a única força positiva no Iraque. Bom, as represálias para os movimentos de libertação no iraque agora deverão ser pesadas, pena é que os verdadeiros responsáveis, os terroristas fiéis a Saddam, continuem à solta a matar quem quiserem. Puta que os pariu!!!
Pedro Lomba diz que...
«HUNOS E GODOS
Ontem, fui assaltado por dois vândalos, aqui em Lisboa, perto da Cidade Universitária. A minha revolta é grande. Anda uma pessoa a tentar ficar menos reaccionário e, depois, acontece-nos isto.»

Bem... tenho uma pergunta: a que horas foi isso? É que... sabe como é, um tipo por ali, sozinho, a olhar para as árvores, a bíblia debaixo de um braço a esconder um Camilo José Cela, o Nélson Rodrigues sob o outro, e eu que ando um bocado teso... não resisti.
António Vilarigues assina hoje um artigo no Público assinalando uma lei atroz votada à pressa a 1 de Agosto deste ano pelo Knesset (parlamento israelita), que nega a cidadania e residência a cidadãos palestinianos casados com israelitas. A lei é ainda mais discriminatória pois todos os filhos de casais nessas condições com idade superior a 12 anos vêem também cidadania e residência negadas - ver este artigo por exemplo. Para além das organizações nomeadas pelo autor do artigo, também a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional condenam claramente esta atitude racista.
Coimbra é uma cidade provinciana. Sim. Mas é um provincianismo extremamente universalista.

quarta-feira, agosto 20

Camaradas bloguitos: aproxima-se a passos largos a rentrée na política nacional e em seus braços acomodam-se 18 meses de governação PSD/PP. 18 meses que estão para uma remodelação ministerial como a terceira cerveja para um pires de amendoins. Como a canícula aliada à época estival concedeu-nos, por ora, um pequeno período de descanso, nada melhor que um ciclo de apostas - o Natal está mesmo à porta. São remodelados Figueiredo Lopes, Amílcar Theias e Pedro Lynce. Sevinate Pinto muda de pasta...
É incrível a hipocrisia que grassa pelas hostes neo/ultra/imbecil-conservadoras relativamente à invasão do Iraque. Como lapas irresponsáveis e teimosas, recusam-se a admitir que se tornaram simplesmente patos, caindo facilmente no jogo que os estados unidos fazem há décadas por todos os cantos do mundo, desde a Europa à �sia, passando pela �frica e a América Latina. Não compreendo se é pura estupidez ou têm alguma coisa a ganhar com isto. O Macguffin, por exemplo, argumenta sobre se é equiparável o terrorismo de Estado, como o de Israel, que atinge os terroristas sem "intenção de matar inocentes civis (embora colateralmente o possam fazer)"(o desplante desta expressão) com o terrorismo de sobrevivência, como o dos palestinianos, que atinge directamente vítimas civis. Respondo que são diferentes. O terrorismo de Estado é exponencialmente pior! O assassínio (é o que é) de pessoas por parte de grupos fundamentalistas não tem o aval de qualquer estado ou país. São marginais, que usam os piores métodos para tentar fazer prevalecer os seus intuitos. O terrorismo de Estado representa a posição oficial de, pelo menos, a maioria dos cidadãos de um país, e exerce o terror sobre os cidadãos de outro Estado, e, no caso de Israel, com a total conivência das instâncias internacionais (subentende-se EUA). O caso do Iraque é ainda mais patético. Foi invadido sem um único motivo plausível para o fazer. O único pilar que ainda sobra é o do papel de ditador de Hussein. Sendo assim, Pervez Musharraf e al-Aziz devem ser flores de estufa não?

terça-feira, agosto 19

Atentado em Bagdad.

Um camião "prenhe" de explosivos matou 14 pessoas na sede da ONU em Bagdad. Entre estas encontrava-se Sérgio de Vieira Mello, alto comissário para os direitos humanos da ONU.
As reacções presentes nos posts que tenho lido pela blogosfera são as previsíveis e um espelho das posições conhecidas, à esquerda e à direita.
Por mim...

1. Qualquer acção que leve à morte pessoas inocentes, directa ou indirectamente, quer seja de grupos organizados ou de um Estado, é atroz e absolutamente condenável.

2. Neste sentido, o atentado de Bagdad é um puro e simples assassínio cometido por alucinados, convencidos que, assim, combatem a ameaça estado-unidense.

3. Por outro lado, é absolutamente cabal com este acontecimento que os estados unidos, mais uma vez, são absolutamente incapazes de garantir a segurança e a tão propalada paz em território iraquiano. Impotentes perante um atentado com um camião (?!) na sede das Nações Unidas, como esperam conseguir o que gritam insanemente?

4. Não digo que os EUA, por terem invadido ilegalmente um País, sejam piores que os terroristas que cometem atrocidades como a de hoje. Mas também não digo que sejam melhores. Os grupos terroristas, ao menos, motivam-se em resposta, e não de livre iniciativa por motivos enfiados subrepticiamente sob a capa esburacada de hipocrisias...
De seguida, um post de silêncio em memória de Sérgio Vieira de Mello, falecido hoje, num atentado em Bagdad. Mais tarde, retomarei este assunto.
Enquanto estava na Dinamarca ouvi uma notícia que me deixou perplexa e que não sei se chegou a Portugal:

O Estalin é o Messias!

Pedi explicações mas não consegui nada mas como a fonte anda aqui pelo duplex talvez agora num ambiente mais privado se consiga alguma coisa...
Terminei, há pouco, e a toque de porrada de alguns amigos, de ver aquele que considero, talvez, o melhor filme que vi de há largos anos a esta parte - digo talvez porque me encontro ainda num estado alterado. Chama-se Le Destin, foi realizado por Youssef Chahine em 1997, e é distribuido entre nós pela Atalanta (quem mais...)

segunda-feira, agosto 18

Maria, agora que estás de volta, e visto que, à Dinamarca, não chegam grandes notícias aqui do burgo, permite-me fazer um pequeno resumo dos acontecimentos da última semana:

- Maggiolo Gouveia, um militar colocado em Timor no tempo da velha senhora, foi executado pela Fretilin há 28 anos atrás, no seguimento daquele ter desertado do exército Português e aderido à UDT, partido que defendia que Timor se mantivesse sob o jugo colonialista de Portugal, tendo posteriormente facilitado a anexação à Indonésia. Nessa altura, um dos pequenos períodos em que houve História em Portugal, a posição oficial do País era a completa descolonização e afirmação da independência de Timor. O corpo foi encontrado, transladado para Portugal - o funeral foi hoje -, e, obviamente, Paulo Portas, que esteve presente, deu-lhe honras militares nomeando o senhor de herói.

- O Público, pela pena da redacção editorial, pediu desculpa a nós, leitores acéfalos e subservientes, por ter permitido que os dois textos de Pedro Miguel Melo de Almeida publicados há cerca de quatro meses, nos quais levantava dúvidas sobre os factos relacionados com o "Holocausto", tenham saído, sem que, pelo menos, o diário tenha evidenciado que o conteúdo seria revisionista. (Não farei qualquer comentário para além do subentendido...)

- As traças continuam, selectivamente, a comer os registos de renovadores nos armários da sede do Partido na Soeiro Pereira Gomes. O comité tem tal apreço pelos acima citados que, assim, não solicita o pagamento de quotas nem os sobrecarrega com excesso de trabalho ao não realizar as respectivas convocações para actividades partidárias.

- No futebol, Pedro Santana Lopes transfere-se para a SIC. Salva a imagem de candidato presidencial resguardando-se das "sovas" de José Socrates. Presumo que irá fazer comentários monologantes a um pivot bajulador e baboso.

- A blogosfera possui, neste momento, membros de todos os partidos, e independentes, do Bloco de Esquerda Conimbricence. Ruptura, Política XXI, PSR, independentes, está cá quase toda a gente. (Excluo a UDP considerando a parca militância na cidade)
E lá para os lados da Babilónia - não, parece que mudou de nome - os estado-unidenses (o termo americanos neste contexto insulta muitos latinos...) continuam a alegre democratização do País, através das mais modernas e pacíficas medidas: um controlo demográfico sui generis e uma rígida política de imigração, que os leva a decretar pesadas sanções sobre os jornalistas estrangeiros...
Há apenas alguns dias, estando na Dinamarca (um dos países mais aborrecidos do Mundo) tinha eu a alegre ilusão que Portugal era um país interessante, colorido e até pitoresco. De volta à Terra Pátria devo confessar que estou deprimida, Portugal não é nada disso. É apenas absurdo, irracional e tem o perfil de uma anedota de muito mau gosto. Estou de volta...

domingo, agosto 17

Bem orava o milenar mito católico...
O mexias voltou para nos xalvar.

P.S.: desculpem, é uma boa piada...

sábado, agosto 16

Lia, hoje de madrugada - 14.30 mais meia hora menos meia hora -, o meu pasquim diário favorito (o do anti-comunista-que-defende-os-valores-da-liberdade-embora-não-saiba-bem-o-que-isso-é Zé Manel) quando se me depara, numa daquelas «cartas ao director», uma prosa crítica mas equilibrada em resposta ao destaque e editorial dedicados a Maggiolo Gouveia (o para-militar) em edição anterior. No entanto um calafrio percorreu-me o fundo da espinha quando li «(...)Só espero que, na esteira da completa falta de princípios que se instalou na vida cívica portuguesa deste a contra-revolução de 1976, se não continuem a esquecer os militares desse quadrante ideológico - e do oposto - que nunca renegaram a seu juramento de fidelidade ao país e às FFAA.»
"Mas isto é-me familiar" - pensei, alternando uma bela gargalhada ao imaginar a cara do JMF. Olho de relance para o autor e, claro, Paulo Varela Gomes. "Este é que devia ter um blog, seria engraçado..."
Ainda há pouco folheava os escritos do Ivan Nunes e este coloca na designação de "melhor blog" o Cristóvão de Moura. E não é que... Paulo Varela Gomes está online!? Que seja muito bem vindo...

P.S.: Espero, a qualquer momento, deparar-me com um blog de José Manuel Pureza...

quarta-feira, agosto 13

aaaaaaaaahhhhhhhhh!!!!!! isto não está fácil!!! tenho que ser rápido. só para vos dizer [car@s companheir@s de duplex] que as coisas não estão nada fáceis por aqui, nos confins tugas, perdido no meio do atlântico. andamos a analisar a possibilidade do nosso curso de reciclagem profissionalizante [começamos a concluir que devemos mandar as estatísticas á merda, sabemos muito bem o que fizemos e o que valemos!! achamos que elas (estatísticas, bem entendido) são como os biquinis: mostram quase tudo mas não o essencial e mais importante. somos delinquentes juvenis, ponto]. o tempo por cá anda bastante húmido, ou seja, não há por cá frigidez que se note, em nenhuma. enfim... vou bazar, porque h[aver]á (certamente!) algo de importante para fazer. levanto só a pontinha do véu: na noite de amanhã poder-se-á criar um novo mito de aparição de Maria [pelo menos vamos fazer por isso, espero que a malta peregrineira seja criativa e que não se assuste muito connosco, não queremos matar ninguém; e que a Maria não seja virgem]. por fim (mas não menos importante): cannabis azorica anda a dar uma leve dor de cabeça no dia seguinte, bem como algumas quedas de tensão (sempre fodidas); cerveja e alguns petiscos não têm faltado! adios!!
Em 1962, na ilha de Cuba, o mister K soviético (Kruchtchev) - em oposição ao mister K da Casa Branca (Kennedy)-, faz desembarcar alguns mísseis (que, diz-se, não chegaram a possuir ogivas nucleares, por falta de oportunidade acrescento) originando a maior crise no pós-segunda guerra mundial. Durante estes tensos dias, um avião espião U-2 dos Estados Unidos foi atingido por um míssil terra-ar, originando a única vítima do conflito, o piloto. As versões relativamente à identificação do autor do disparo diferem, variando entre Cubanos e Soviéticos. O escritor Carlos Franqui, um dos membros originais do Movimento 26-Julho, fundador durante o regime castrista do jornal Revolución e exilado poucos anos depois, em 1968, insiste numa versão bastante peculiar dos factos: Fidel, nesse dia, foi, impaciente, dar uma volta pelas bases soviéticas. Os militares mostraram-lhe as instalações e os radares, onde estavam sinalizados os aviões espiões a sobrevoar a ilha. Fidel pergunta «Como fazem para os abater?». Depois de lhe mostrarem o botão, ele, simplesmente, prime-o! Para completa estupefacção dos militares, um míssil é lançado, abatendo o U-2.

terça-feira, agosto 12

Os blogs são, à falta de melhor definição, e na maioria dos casos, momentos Kodak. Digitalização intemporal de imagens, sentimentos, afectos, enfim, interpretações empíricas da realidade. Instintivamente, nutro mais simpatia pela recordação de uma imagem, pelos pormenores que a memória, avessa ao filtro tecnológico e instantâno, guardou, em detrimento de reviver um momento através de um registo antigo, impessoal. Posto isto, procuro ainda uma explicação plausível, para mim pelo menos, para o que me leva a escrever aqui...
Fernando Sá Monteiro, que foi líder do ex-PPM, de sangue azulado portanto, afirma que pretende criar um novo Partido "de raíz assumidamente monárquica". Diz também que vai possuir características de esquerda e assume-se admirador do bloco de esquerda. A notícia está aqui.
Não ficarei aqui em Coimbra nem mais um minuto... desconfio que estes tipos andam a fumar o mesmo que os outros na Soeiro Pereira Gomes... por isso... para Lisboa!
Para o exercício insane da escrita diária nos blogs são necessários responsabilidade, rigor, disciplina, capacidade de assumir compromissos, sacrifício pessoal, empreendedorismo, paciência, individualismo, etcaetera.
Inúmeras características de que me orgulho não possuir nem uma...
CARTA ABERTA A SUA EXCELÊNCIA, O PRIMEIRO MINISTRO.

Exmº Senhor Primeiro Ministro:

Quero, por este meio, apresentar-lhe os meus mais sentidos votos de que se vá foder.

domingo, agosto 10

car@s companheir@s do duplex:
para não vos massacrar com textos longuíssimos (que nem da minha autoria eram) [como os 2 últimos que aqui publiquei] decidi criar um blog paralelo com o material zapatista [tendo apagado os meus aqui postos], podem visitar aqui.

sábado, agosto 9

Mário Cesariny faz hoje 80 anos.
Um poema de Cesariny:

Tantos pintores... A realidade, comovida, agradece mas fica no mesmo sítio (daqui ninguém me tira) chamado paisagem
Tantos escritores

A realidade, comovida, agradece
e continua a fazer o seu frio
sobre bairros inteiros na cidade
e algures
Tantos mortos
no rio
A realidade, comovida, agradece
porque sabe que foi por ela o sacrifício
mas não agradece muito
Ela sabe que os pintores
os escritores
e quem morre
não gostam da realidade
querem-na para um bocado
não se lhe chegam muito pode sufocar
Só o velho moinho do acordeon da esquina
rodado a manivela de trabuqueta
sem mesura sem fim e sem vontade
dá voltas à solidão da realidade

sexta-feira, agosto 8

Expressão de Verão mais usada em Portugal: «Cenário Dantesco»
Não quero de um Escritor a imaginação. Quero a invenção da Imaginação. Ou que caia do telhado esquisito do mundo a tentar...
A lua, esta noite, apresenta-se em tons de vermelho. Não sei porquê. Tentei observa-la com um telescópio mas não consegui ver nada... Ela irradia pouca luz... Talvez o vermelho simbolize uma viragem à esquerda. Talvez tenha sido o PC a pinta-la de vermelho... os gajos andam sempre a pintar tudo e com aquela máquina de propaganda política não é de admirar. ASSIM SE VÊ A FORÇA DO PC!!! Ou se calhar são os E.T.s que tomaram conta daquela porra e não gostavam da côr, então pintaram tudo de vermelho, será que vamos ser invadidos? EU ESTOU AQUI, EU ESTOU AQUI!!! LEVEM-ME CONVOSCO!!! Talvez seja um milagre e a esta hora já a seita da "Igreja das últimas horas da lua vernelha" tenha reunido todos os seus fieis para um suicídio colectivo. Ou se calhar é o Flash Gordon que se decidiu a instalar-se lá e tapou-a com a sua capa vermelha... o imperador Ming não deve andar muito longe. Seremos poupados do seu ataque? Ou talvez seja Vlad, o Impalador que se lembrou de espetar algumas dúzias de turcos em espetos e com o sangue que escorreu dos seus corpos a lua ficou tingida de vermelho. Mas o que raio havia de andar a fazer na lua o Vlad Dracul? Tudo bem que o homem gostava de fazer espetadas de turcos, mas, na lua? Ou talvez tenham sido os marcianos que a anexaram e para se sentirem mais confortáveis mudaram-lhe a cor (eu sei que já falei de ETs mas pronto, descuidei-me, deve ser o entusiamo...). Ou se calhar deus assim o quis, mas deus quereria tal coisa? E fazia sem avisar? Ele move-se por caminhos misteriosos, se calhar é isso. O que importa é que a lua hoje está vermelha. Se calhar apeteceu-lhe. Foi um ar que se lhe deu...

quinta-feira, agosto 7

havia um sol como o destes dias quando em tempos um Estrangeiro disparou sobre um autóctone, ferindo-o de morte.
Texto que João Pulido Valente, quando teve conhecimento da doença que o iria matar, pediu ao filho para divulgar, após o seu desaparecimento, pelos jornais - a espalhar pelo Universo, acrescento eu - :
"Eu, João Pulido Valente, informo os meus Amigos que morri hoje (data) lá mais pela tardinha. Convivi com Ideias, Mulheres, tabaco e álcool. Contraí cadeia, sífilis, cancro e ressacas. Não estou arrependido. Julgo ter pago o preço justo por ter vivido. Quando eu morrer, não quero choro nem velas, quero uma fita amarela, gravada com o nome dela: Liberdade."

Foi-se o Homem, fica a Memória. Que seja bem vinda e permaneça intemporal...


P.S.: Acrescentou ainda que, se possível, na necrologia nos jornais, não fosse colocada uma cruz. Tinha preferência por uma foice e um martelo...

P.S.2: Onde se lê (data) ler-se-ia, então, 4 de Agosto de 2003.

quarta-feira, agosto 6

o telejornal regional [cá dos açores, claro] deu uma notícia sobre a delinquência juvenil nos açores. parece que nos últimos anos diminuiu continuamente, sempre e cada vez mais menos.
FALHEI, assumo-o!! sinto que sou (ou fui) um mau formador! fui um exemplo não seguido, não consegui fazer escola! [mas será que nem nisso poderia ter tido alguns resultados positivos??]
nestas férias estou a pensar dar alguns cursos de reciclagem profissionalizante aos meus antigos formandos [poderemos mesmo tentar ter um financiamentozito da União Europeia; pela questão da formação, é claro]; ainda pode ser que se consiga alguma coisa positiva (se a delinquência juvenil baixou nos últimos anos pode ser que aumente nos próximos), o que importa é trabalhar para [e pelo] futuro!!
vou pôr mãos á obra! wish me luck!!!
hoje no telejornal vi francisco louçã [deputado dessa espúria organização política, o Bloco de Esquerda] falar em orçamento suplementar (devido ao estado calamitoso do país, todo [ou quase] a arder); orçamento esse que devia (segundo o Grande Satã) ser discutido rapidamente (senão mesmo, imediatamente) pelos deputados da nação.
em que mundo andará FL? estará iludido? todo o povo português sabe muito BEm que os deputados durante o verão não são da nação são-no da na(ta)ção. a malta legisladora foi a banhos; o país (de certo [e na visão deles]) pode[rá] esperar!!
como é bom... ai! ai! como é bom...
como é bom poder comer peixe sem se ter que estar a preocupar com o mercúrio.
como é bom poder comer carne de vaca sem se ter que estar a preocupar com a BSE (doença das vacas loucas).
como é bom poder comer carne de porco sem se ter que estar a preocupar com a peste suína.
como é bom poder comer frango sem se ter que estar a preocupar com os nitrofuranos.
como é bom poder comer vegetais e fruta sem se ter que estar a preocupar com os pesticidas.
sim, sim... já estou de férias nos açores, na terrinha!, na ilha das flores [o extremo ocidental da europa; daí algumas pessoas (maldizentes, certamente) dizerem que o meu extremismo (ainda não o encontrei; alvíssaras a quem encontrar!) ser também geográfico].
não, não... não ganho (nem alguma vez cobraria!) qualquer "comissão" pela propaganda turística que aqui faço.
[preferi utilizar "propaganda" em vez de "publicidade"; podem dizer que é apenas diferença terminológica mas (cá para mim) tem carga ideológica por detrás, alguém duvida?]

terça-feira, agosto 5

há alguns dias atrás, um dos amigos com quem partilho a casa - nós, os pobres, detestamos viver sozinhos -, viu-me, na cozinha, a lavar um copo. «Também lavas os copos por fora?» - questiona candidamente. «Não, claro que não!» - retorqui convincente. «Os copos só se sujam por dentro. Distraí-me com este...»
Se não é a Vida pequenos momentos como este...

segunda-feira, agosto 4

O Verão. "No hay banda!". Ainda assim há música, o som persiste audível, mera gravação mecânica, criando um automatismo ilusório de realidade.
"Silencio!". Silêncio pois a cortina levantar-se-á em breve, na volta, real início das coisas que são. Entretanto a rotina aglutinou o tempo, retardando-o, deserto rubro de tédio ligeiramente refrescado por Badalamenti, banda sonora da estação...

domingo, agosto 3

Aqui, no Inverno, derivado essencialmente do facto de estar tudo debaixo de água por causa das cheias, não há fogos.
O Ribatejo está a arder. As temperaturas - não devido ao sol, que está tapado - rondam os 110 graus (Fahrenheit) e cai uma chuva miudinha de cinzas. Além de estar a derreter, estou sujo. O único facto engraçado é esta fina película alaranjada que parece cobrir tudo, e não fosse a gravidade seria capaz de jurar estar em Marte (devo conseguir assimilar a mesma quantidade de oxigénio).
É nestas alturas que sou Cristo:
- Father! Why have you forsaken me!!
O post anterior foi patrocinado pela máquina de propaganda política do ICP, Inteiro(ainda) Comunista Português...
Foi com muita alegria que li no post da maria que ela queria propôr como solução da crise da democracia (corrige-me se interpretei mal) um reino dirigido por um filósofo, fazendo-me lembrar platão e o livro quinto da República, onde se propõe como modelo de governante justo um rei-filósofo ou um filósofo-rei. As duas coisas são diferentes, mas eu não vou explicar isso agora porque não é esse o propósito deste post. Eu quero é aproveitar a deixa e deixar-vos com este anúncio: "Filósofo, momentaneamente desocupado, jovem, justo e bem parecido, procura população para governar. Não quero muito. Apenas um grupo sossegado, submisso, que acate bem as ordens do seu rei. Também posso servir como direcção política para uma qualquer revolta, revolução, movimento de massas, movimento de libertação, etc. Garantia de instauração de qualquer regime político pretendido, mesmo ausência de regime político. Aos interessados podem conctatar-me atraves do número 123-456789." Pronto. Já está. Já vendi o meu peixe. Agora é só esperar pelas respostas... Não se esqueçam, para um governo justo escolham um filósofo justo... talvez um neo-realista... como eu... ou um materista, também como eu... ESCOLHAM BEM!!! ESCOLHAM-ME A MIM!!! ps: não, não estou bêbado, nem intoxicado com o fumo dos fogos...
Estou acordado... Um estádio de vigilância impede-me de dormir. Lá fora o cheiro a madeira queimada é impressionante. Minúsculos pedaços de foligem entraram dentro do meu quarto. Mas só o cheiro se sente, não há luz, não há clarão... por vezes uma ou outra brisa mais quente desperta a consciência para uma possível proximidade de algo, mas nada se avista no horizonte, só o cheiro, só o cheiro corroi a mente e projecta imagens de caos... Eu tinha prometido a mim mesmo não escrever sobre mundaneidades mas... a necessidade foi mais forte do que eu. Talvez o medo seja um pavio da necessidade de comunicação, não sei... Um sol vermelho iluminou o dia... pintou a luz de um tom mais obscuro, mas é à noite que incomoda. Há pouco um vizinho disse ter visto um clarão vermelho ao longe, estava numa posição mais elevada. Eu não vejo nada... No fundo creio que é a espectativa de poder visualizar o monstro que me mantém acordado. Talvez tenhamos, de facto, todos um pouco de piromaniacos... As recordações de noventa e cinco já estão pouco presentes... Na altura chegou e bastou... Eu costumo dizer que a coisa que mais rápido me fez atravessar a quinta onde moro foram as abelhas que estão no outro estremo, junto à mata. Hà pouco lembrei-me de outra coisa... o fogo. Uma brisa fresca sopra agora, o cheiro dissipa-se. Já estou mais descansado... Onde quer que estivesse, estava longe. É fácil pensar assim... muito fácil. Mas as coisas são assim mesmo. O melhor é não pensar.
De um Concílio convocado por Ivan Vasili IV (O Terrível) no ano de 1551, o último artigo é o seguinte:
«De todos os costumes heréticos, não há nenhum mais condenável do que o de cortar a barba. O derramamento de todo o sangue de um mártir não bastaria para apagar essa falta. Cortar a barba, para agradar aos homens, é violar todas as leis e declarar-se inimigo de Deus, que nos criou à sua imagem.»

Se ele não corta, então eu também não...
Viveu ou tentou, em tempos, um insecto acordado lá para os lados de Praga. Depois de editado e impresso para a posteridade, ei-lo, de novo, p'las ruas de Coimbra e aqui, lado a lado com um Físico amigo também da cidade - que não gosta muito de astrólogos...

sexta-feira, agosto 1

And the last, but certainly not the least... the RED HEAD GIRL. Lets hear it for her !!!! (Agora é aquela parte em q vocês batem palmas)

Just arrived to our semi-detached house, but already on the run. Family demands my presence and there I go to Alcagulho de baixo. Let us just hope there is internet, otherwise I’ll just have to keep myself entertained with Bernardo Soares and Truman Capote. Not my type of men, but they sure make an interesting literary “ménage á trois�.
É de senso comum chegar à conclusão que se partilha a casa com imbecis quando a manteiga sabe a melão...
Bom dia... Estive a ler os posts todos e acho que é um exercício que vocês deviam fazer, é extremamente interessante.
Quanto à democracia, Alberto, não é reformável e muito menos refundável o melhor a fazer com ela é a pulverização, aniquilação, destruição, ... Acho que estou numa crise antidemocrática. PRECISAMOS DE UM FILÓSOFO REI. Eu sei que não é muito original, mas...
A democracia não é para reformar. É para refundar.