quarta-feira, agosto 27

Paralelismos
No decorrer da 2ª Guerra Mundial, logo após o ataque Japonês à base americana de Pearl Harbour, os EUA da são percorridos por uma vaga repressiva e discriminatória sobre todos os cidadãos de origem nipónica. As perseguições, prisões arbitrárias e deportações são uma constante que revela bem o medo de um Estado policial que se julgava, até à altura, inexpugnável. Também no pós 11 de Setembro de 2001, colocada a nu a vulnerabilidade do território americano, o clima de medo propiciou o reviver da História, agora contra os cidadãos de origem �rabe. As coincidências, todavia, não se ficam por aqui.
A propaganda que esconde a morte de seres humanos com o véu dos "danos colaterais" tem também antecedentes com contornos macabros. Durante a década de oitenta, um escritor e investigador, James Bacque*, revela a existência de centenas de milhares de prisioneiros alemães que morreram de fome, sede e de doenças em campos de prisioneiros americanos na França e Alemanha após a rendição de Hitler. Nos relatórios apresentados às instâncias internacionais, como a Cruz Vermelha, e para registo, era recorrente o uso da expressão "outras perdas" para designar os prisioneiros desaparecidos. De acordo com a Convenção de Genebra (CG), todos os prisioneiros de guerra (POW's) teriam (e têm) de ser devidamente tratados, com alimentação e cuidados de saúde condignos. De facto, os EUA não violavam a CG, no caso dos POW's, antes contornavam essa imposição com a designação DEF (Forças Inimigas Desarmadas), fora do abrigo da Convenção. Eisenhower, que idealizou essa pérola, assinou várias "directivas" no sentido de alterar o estatuto de campos de POW's para DEF. Hoje, em Guantanamo e nos países com cenários de guerra, são constantemente ultrapassadas as disposições da CG e da Declaração Universal dos Direitos do Homem através da negação de declarar os prisioneiros como "de guerra" com a designação "terroristas"...

* Outras Perdas, James Bacque, edições ASA