sábado, agosto 23

Helena Matos, no Público de hoje, sábado, volta a demonstrar a arrogância simplista e demagógica do pensamento arcaico de Direita. Se, por milagre, fosse retirada a venda que possui nos olhos, revelar-se-ia cega. Para a autora, os grupos "terroristas" ou encontram móbil em convicções religiosas e de superioridade moral ou porque abominam o modo de vida da sociedade ocidental. Posso assim presumir que são essas as bases de todos aqueles que lutam na Irlanda, Nicarágua, México, Tchechénia, Palestina, Euskadi, Curdistão, etc? Não creio. Fundamentalismo religioso? Não será também um bom rótulo para os judeus ultra-ortodoxos de Israel ou o protestantismo norte-americano?
Não existe qualquer legitimidade no terrorismo, reitero uma vez mais. Falo de todas as formas de terrorismo, inclusivé a legitimada pelas eleições democráticas num Estado, seja ele os EUA, Israel, Rússia, Cuba, ou qualquer outro. É abominável que se estabeleçam diferenças entre uma pessoa assassinada em Israel ou na Palestina, nos EUA ou no Afeganistão.
No caso do Iraque, Saddam era um ditador horrível e o povo estará bem melhor sem ele, sem dúvida, mas o que «certos sectores de esquerda» apontam, e muito bem, é a política de dois pesos e duas medidas levada a cabo, neste caso, pelos EUA, que servem, acima de tudo, os seus próprios interesses - recorrentemente os sucessivos Governos comportam-se de igual modo. Não será Pervez Musharraf igualmente odioso, por exemplo? Para além disso, aceitando a agressão ao Iraque, ser-me-ia bastante difícil condenar uma invasão do Paquistão pela �ndia por exemplo, se estes evocassem a libertação do povo do jugo ditatorial.
Por muito que custe admitir à Direita, não existe qualquer saudosismo soviético e anti-americano. Existem sim duas palavras que lhes parecem não ter qualquer sentido: Liberdade e Igualdade.