Liberalismo, a desconcertante utopia !
Fazendo uso de uma escola de pensamento da filosofia continental ( em oposição com a escola anglo-saxónica) que se proclama de desconstrutivismo, ora essa escola teoriza que por mais bem conseguida que uma formulação seja ela tem em si a semente da sua destruição, ou seja já possui por si própria a ambiguidade que prova a seu contrario). Este também parece ser o caso desta tão proclamada escola de pensamento liberal.
Como o companheiro AP já referiu estes seres de portentosa sabedoria defendem o casamento de homossexuais, o aborto até às 12 semanas, a livre concorrência entre aeroportos, a flexibilização dos despedimentos a par do aumento da protecção no desemprego (flexicurity?), são contra as patentes de software, parecem amigos dos LGBT e ecologistas. Ou seja defendem a desregulamentação de todos os campos, tradicionais de intervenção estatal ( sejam eles de costumes ou na regulamentação da actividade economia ) para os entregarem a esses sábios que dão pelo nome de sociedade civil. Enquanto penso nisto existe algo aqui que não bate certo. Defendem o aborto mas ao mesmo tempo são contra os serviços nacionais de saúde estatais, fica a pergunta o aborto realizado a onde? Com que condições de acesso, e em ultima análise regulamentado por quem? Pela sociedade civil? Pelas leis capitalistas do mercantilismo? Defendem a desregulamentação do trabalho mas ao mesmo tempo mais direitos para os desempregados? Que incentivo propõem ao emprego? Quem o fará? O malévolo estado, a sociedade civil? Quem motorizaria a sociedade civil? Ela própria? Deve a sociedade civil, devido ao enorme peso sobre ela colocado, ser regulamentada? Se não, como garantimos que ela funcione? Como garantimos que seja ela a gerir o binómio espaço publico espaço privado? E se ela não quiser? Com quem falo? Quem a escrutina? O estado por muito mau que seja é escrutinado, avaliado( bem ou mal ) e a sociedade civil? Se for escrutinada deixa de ser sociedade civil?
Como o companheiro AP já referiu estes seres de portentosa sabedoria defendem o casamento de homossexuais, o aborto até às 12 semanas, a livre concorrência entre aeroportos, a flexibilização dos despedimentos a par do aumento da protecção no desemprego (flexicurity?), são contra as patentes de software, parecem amigos dos LGBT e ecologistas. Ou seja defendem a desregulamentação de todos os campos, tradicionais de intervenção estatal ( sejam eles de costumes ou na regulamentação da actividade economia ) para os entregarem a esses sábios que dão pelo nome de sociedade civil. Enquanto penso nisto existe algo aqui que não bate certo. Defendem o aborto mas ao mesmo tempo são contra os serviços nacionais de saúde estatais, fica a pergunta o aborto realizado a onde? Com que condições de acesso, e em ultima análise regulamentado por quem? Pela sociedade civil? Pelas leis capitalistas do mercantilismo? Defendem a desregulamentação do trabalho mas ao mesmo tempo mais direitos para os desempregados? Que incentivo propõem ao emprego? Quem o fará? O malévolo estado, a sociedade civil? Quem motorizaria a sociedade civil? Ela própria? Deve a sociedade civil, devido ao enorme peso sobre ela colocado, ser regulamentada? Se não, como garantimos que ela funcione? Como garantimos que seja ela a gerir o binómio espaço publico espaço privado? E se ela não quiser? Com quem falo? Quem a escrutina? O estado por muito mau que seja é escrutinado, avaliado( bem ou mal ) e a sociedade civil? Se for escrutinada deixa de ser sociedade civil?
3 Comments:
Se tivesse lido tudo, perceberia que aceitamos que o Estado por vezes pode ter o papel de regulador.
Onde se inclui obviamente regular os serviços de saúde.
Caro mls, como se pode regular os serviços de saude? Atribuindo seguros médicos aqueles que pela força do seu trabalho não o consigam garantir? Este esquema não é regularizar é intervir directamente. Regular pressupoe que o estado normalize as relações mas que não intervenha directamente sobre os agentes da "sociedade civil". Como garantir o acesso então, e apenas regulamentando, dos dos agentes da sociedade civil ( humanos ) a bens essenciais e inconportaveis para em si?
Regular, no caso da saúde, é controlar a qualidade dos mesmos, e foi nessa óptica a resposta que dei. Devido à sua importância, a saúde tem que obviamente ser minimamente controlada em termos de qualidade (seja ela privada ou pública).
Quando aos seguros de saúde, sim, defendemos que todos têm direito a cuidados de saúde, apesar de discordarmos da forma actual como estes são prestados, pois a iniciativa privada pode perfeitamente prestar sem o controlo directo do Estado esses serviços (veja-se o caso da França, relativamente às consultas médicas).
Isso é intervenção do Estado? Sim. E? Se der uma volta por outros países irá verificar que os partidos liberais defendem obviamente a economia de mercado, o liberalismo económico e a redução do papel do Estado na economia, mas não são cegos nem propriamente defensores de uma sociedade sem o mínimo de solidariedade.
Por cá é que nasceram um liberais "clássicos" utópicos que tendem para o radicalismo. O mls nada tem (nem quer ter) a ver com esses senhores. O que eles defendem não corresponde à política de nenhum partido liberal existente na Europa.
Para simplificar muito a coisa, veja-nos como um Bloco de Esquerda com políticas económicas de direita.
Pode discordar e não gostar de nós. Mas quando vejo a Ana Drago do BE a dar entrevistas em que nos vê como uns papões radicais de direita económica e os tais liberais "clássicos", a apelidar-nos de social-democratas, parece-me que estamos no bom caminho, pois devemos estar algures no meio dessas duas classificações. ;)
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