segunda-feira, março 6

Descobertas

Estava agora a passear pela net e descobri isto...

Citando o autor: «as coisas não são gratuitas. Se uma Constituição diz que é gratuito é uma mentira. Aliás, todas as normas que falam em gratuitidade são inconstitucionais pela natureza não gratuita das coisas. Assim, a questão é saber como se paga, quando se paga e quem paga».

Gostei desta resposta.

Agora a minha: Em primeiro lugar, as "coisas" não tem uma natureza não gratuita. Quando muito participarão da categoria de "algo pelo qual se paga", participação essa atribuida pela construção social que habitamos. Gostaria de referir que a dita construção social é apenas uma possibilidade, e não uma têndencia-latência natural da organização social do ser humano no seu conjunto. Em segundo lugar, a constituição não é um documento que se possa classificar como tendo logicamente valor de verdade ou de mentira. Uma constituição é, antes de tudo, uma declaração de príncipios pelos quais de deve reger um estado, e com os quais a generalidade de um parlamento eleito para o efeito concordou. Devo lembrar que também a bíblia apresenta um conjunto de príncipios valorativos e fundadores de uma comunidade, mas nem por isso se acusa de mentirosa. Em terceiro lugar, como se paga, quando se paga e quem paga. Existe um mecanismo, diga-se já milenar, que ainda hoje é usado para precisamente suportar a gratuitidade, ou, se quisermos, mascarar de gratuitidade certos serviços considerados pela constituição como gratuitos. Esse mecanismo chama-se Impostos.

Os senhores Do CDS-PP deviam pensar duas vezes antes de virem para a rua defender propostas como a acima apresentada. Senão vejamos, como é que um partido que se apresenta como o arauto do direito à vida, venha ela como vier, vem defender, neste caso específico, que algo como a saúde seja pago? É uma contradição. Note-se, um reformado de 75 anos, que receba 40 contos por mês de reforma, o que dado a média já não é das reformas mais baixas, que ainda tenha de pagar por todos os cuidados de saúde que receba, inerentes à sua condição de idoso, pobre diabo, não vai ter dinheiro para sobreviver. Como é senhores do CDS-PP, este reformado deixa-se morrer? Não tem ele direito a viver? Já não falo numa vida com razoáveis confortos, apenas numa sobre-vida. Como é? E Como é com os milhares de idosos nas mesmas condições deste exemplo? Hum... Se calhar um campo de concentração e extermínio não era má ideia, pois não ò senhores do CDS-PP? Aviar os velhos antes que eles comecem a dar trabalho. Antes que eles comecem a vir para as ruas reivindicar o direito à vida. E quando vierem? Vão estar ao lado deles? Contra vocês próprios? Hum...

Capítulo 1, Artigo 2, alínea b dos estatudos do Partido do Centro Democrático Social:

" - Propor para a sociedade portuguesa um modelo assente nos valores éticos, sociais e democráticos do humanismo personalista de inspiração cristã."

Não era má ideia se fossem consequentes com isto de vez em quando... mas o vosso papel é outro... nós cá estaremos...

Tudo isto faz-me lembrar uma musiquita, que reza assim: "filhos da puta... filhos da puta... fi, fi, fi, filhos da puta..."

Há-de vir o dia em que os cães comerão os ossos das crianças, mas esse dia não será hoje, e antes terão de comer os meus, que lhes saberão a acre.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Capitães de Areia..

3/08/2006 12:49:00 da manhã  

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