Compreender o neo-realismo.
O neo-realismo nunca se quis constituir como movimento ou corrente artística, ele é e pretendeu ser um processo de "libertação", de libertação do regime fascista, de libertação da opressão economicista e etnocêntrica, revê-se a si mesmo como veículo estético-ideológico da resistência. Hasteava a bandeira da representação objectiva da realidade social como forma de comprometimento político. A representação da realidade social não era apresentada, tal como no realismo, de forma caótica e complexa mas simplificante das varias realidades sociais, simplificante e reveladora dos pólos de opressão, construindo dessa forma uma linguagem de resistência. Em pleno século XXI, numa sociedade complexificada e complexificadora talvez seja bom um revisionismo, honesto, na tentativa de criar dinâmicas de resistência, dinâmicas assentes num novo (ou velho) paradigma de linguagem, reinventando assim as velhas (sempre actuais) formas de resistência baseadas na subversão da linguagem do biopoder (ver definição de Negri ).
2 Comments:
Quase me engasguei no outro dia.. quando descobri que o maravilhoso Jorge Amado é um exemplo de neo-realismo. Sou dada a descobrimentos tardios e a precipitações.
A fraqueza da pintura neo-realista assenta na limitação do representativismo. Por exemplo Matisse ou Klee têm como um dos aspectos mais importantes a simplificação da linguagem, que não os impede de ser objectivos. Mas nessa objectividade existe a necessidade de distinguir a realidade objectiva aparente e a realidade objectiva além da aparência.
Mesmo na literatura deve ter existido o bom neo-realismo e o não tão bom, talvez houvesse quem nos seus poemas confundisse simplificar a realidade com diminuí-la.
Independentemente da linguagem ser a velha ou a nova, do movimento ser ou não um revisionismo do passado, há entre eles os que perduram no tempo, e os que pela fraqueza de resposta, ou conteúdo, tornam inválidas a sua adequação a novas épocas. S.
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