quarta-feira, julho 23

No jornal Público de hoje, José Neves, membro da ATTAC, assina um artigo em que faz um pequeno jogo entre as palavras praia e pátria. Isto para defender uma Europa supra-nacional, com uma identidade acente no indivíduo em detrimento de uma consciência colectiva nacionalista, patriota. Esgrime alguns argumentos contra as estruturas partidárias e a noção que o Poder se esgota no Estado-Nação, defendendo implicitamente os movimentos sociais e o seu papel incontornável nas sociedades de futuro - na boa tradição Boaventurista (desculpa Tiago).
Não discordo por completo do conteúdo do artigo, principalmente porque é escrito de uma forma clara, transmitindo muito bem o que pretende. Mas uma questão, que considero pertinente, é necessário colocar: porque é o autor ainda membro da ATTAC? Esta organização, orbitando em redor da defesa da aplicação da taxa Tobin, senta-se comodamente na areia de uma praia institucionalizada, cuja relevância em termos de Poder é enorme, e que desfaz quaisquer ambições do indivíduo controlar o seu próprio destino, sendo o neoliberalismo global, na figura de, no caso, mercado bolsista. Revela-se um discurso um pouco ingénuo o de José Neves enquanto não compreender que aceita as regras de um jogo, em que, enquanto jogador, é impossível sair vitorioso.