sábado, julho 19

Vim passar o fim de semana a casa dos meus pais. Vilazita com acesso a 56kbps - estranho método de diferenciar localidades. Está em festa -a vila digo-, lugar comum durante o Verão.
Adoro estas festas de aldeia. A luz imensa das intermináveis filas de lâmpadas que pairam sobre tudo, formando um tecto; os automóveis estacionados em parques improvisados, sob oliveiras e pinheiros, em completo desalinho, numa cómoda e estranhamente pacífica desordem; os mesmos de sempre apoiados no balcão observando os que passam, sorvendo minis como se nunca mais o pudessem fazer; as pessoas que jamais se cansam, cabelo ainda molhado, sem óleo ou terra debaixo das unhas ou suor ou preocupações com o patrão o empregado o irmão a irmã o dinheiro o...; os casais no bailarico frente ao palco, os mesmos passos para todas as músicas, rodeados de outros com braços cruzados, felizes por olhar, ou comentar quem está com quem, o que tem vestido, o que fez no outro dia ao vizinho do patrão; as bandas, iguais, todos os anos, cinquenta contos e o jantar, automatizadas as músicas, tocar e dormir, amanhã a 12 km; e os odores, as farturas, as pipocas, o frango, a sardinha, o leve sufoco do pó numa mescla ligeiramente acre e inconfundível.
E as pessoas a perguntar que é isso que fumas que tem um cheiro esquisito...