quinta-feira, agosto 24

Uma clarificação à esquerda.

Está neste momento a decorrer um processo eleitoral de maior importância para a esquerda mundial. Não tanto por se prever uma alteração qualitativa da correlação de forças políticas mas por constituir um momento de clarificação ideológica e política de todas as principais tendências políticas marxistas. Falo claro das eleições presidenciais Brasileiras.
À esquerda, que interessa, temos o PT com Lula (mais que provável vencedor), uma coligação à europeia e bem próxima do nosso Bloco de Esquerda, constituída pelo PSTU (próximo da ruptura-fer), PSOL (próximo da APSR ) e o estalinista PCdoB, que apresentam como candidata a Heloísa Helena e, ainda num processo muito delicado (sobre o qual cai uma possibilidade de impugnação), o PCO (partido trotskista que me parece ser ideologicamente o mais interessante). De entre algumas daquelas que são as questões centrais para os partidos marxistas, gostaria de destacar e analisar duas:

1) Carácter do governo defendido:
....Heloísa Helena....
Ambíguo. Fala algumas vezes em governo dos trabalhadores. Não é o centro da sua propaganda eleitoral. Fez nas eleições passadas frentes com o PT ( Sergipe, Campinas etc. ) e até mesmo com partidos burgueses (Mato Grosso do Sul) que defendiam claramente um governo burguês.
....Lula....
Governo burguês, com elementos capitalistas como João Sayad e José Alencar sob o nome de governo democrático e popular. Nos governos defende os interesses de empresários, como os do transporte, do lixo, que financiam as campanhas eleitorais do partido.
....Rui Costa Pimenta....
Governo operário e camponês ou governo dos trabalhadores da cidade e do campo. Governo colectivo da classe, sem políticos ou partidos patronais, baseado nas suas organizações de luta.

2) Programa político
....Rui Costa Pimenta....
O miolo do programa são as necessidades vitais e imediatas das massas, definidas concretamente como reivindicações: salário mínimo vital de R$ 1.500,00, redução da semana de trabalho sem redução dos salários para 35 horas; assentamento dos sem-terra etc. O PCO não apresenta um programa para administrar o Estado burguês, mas concebe o poder político como um grande sindicato que servirá para atender as reivindicações operárias contra os patrões. É um programa de reivindicações transitórias ligado indissoluvelmente à questão do governo dos trabalhadores e ao poder político.
....Lula....
Um programa de administração do Estado burguês e de garantias para os empresários. Dizem claramente que os trabalhadores não podem esperar o atendimento imediato das suas reivindicações.
....Heloísa Helena....
Ambíguo. Fala genericamente nas reivindicações operárias vitais: aumento geral de salários, redução da jornada, etc. mas não são reivindicações porque são genéricas, sem definir o valor do aumento ou o tempo da redução da jornada etc. Não é o centro do seu programa. Sua principal reivindicação é a não participação do Brasil na ALCA, uma questão política geral que é comum a vários partidos com distintas interpretações.



1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

não entendes nada da política no Brasil...

8/25/2006 06:43:00 da tarde  

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