quinta-feira, março 11

Só porque não cabia nos comentários:

«Posmoderno será comprender según la paradoja del futuro (post) anterior (modo)» (LYOTARD, Jean-François, Le posmoderne expliqué aux enfants (1986), cit. trad. Esp. LYNCH Enrique, Gedisa Editorial, 1999, pág. 25).

A pós-modernidade não se apresenta numa relação de ruptura face à modernidade, o pós-moderno não é o fim do moderno, mas o seu estado nascente e o que deveria ser o seu estado constante. Muitas características da pós-modernidade são características da modernidade, a que é dado um novo prisma. Em suma, são privilegiados novos operadores narrativos, deixa de existir uma fronteira nítida entre os géneros literários, o narrador deixa de ser omnisciente e a narrativa passa a ser parcelar (o narrador reveza-se e só sabe a sua parte da história, ao mesmo tempo que transparece a autoconsciência da limitação) e, acima de tudo, deixam de existir regras para a criação literária, sendo privilegiada a subjectividade e individualidade do autor.
Trata-se de um pensamento oposto aquele que é incutido pelo Iluminismo, pela racionalidade que o Iluminismo postula, estando agora a linguagem fora dos padrões da razão, e que, por isso deixa de ser transparente e deixa de representar um mundo ordenado onde seres racionais – «nós» – se movem. A este «nós» opõe-se «O Outro», o não-heterossexual, o não-racional, o não-nacional, o não-saudável, que irá desafia as categorias racionais do pensamento, deitando por terra o padrão racional.
O papel do pensamento pós-moderno vai ser desconstruir as narrativas legitimadoras, tornando-as incredíveis, e vai fazê-lo privilegiando o particular, o singular, o único, o temporário, o provisório.
A pós-modernidade vai ser a negação de que um determinado discurso do conhecimento serve uma ciência em exclusivo, não podem existir métodos exclusivos de uma única área do conhecimento, a fragmentação do conhecimento deve ser combatida.