segunda-feira, setembro 1

Crónica de um horizonte longínquo, de volta ao universo terrestre...
Estou... de volta... ao meu espaço... está tudo na mesma... o cheiro a mofo desta cidade mantêm-se insuportável... Há pouco tentava estabelecer uma relação proto-amorosa com um astro celeste... de seu nome Marte... é uma gaja, não me digam que não. Os meus auspícios amorosos resultaram gorados em virtude da acção implacável do nevoeiro e do brilho dos foguetes de uma qualquer festarola prós lados do Tóvim. Que se foda, há mais astros celestes gajas no universo. As minhas leituras de verão resultaram numa enorme nulidade. Do meu projecto inicial de ler Eco, Derrida, Levinas, Heidegger, Esteves Cardoso e Anselmo Borges saíram absolutamente goradas. Mas não se pense que não li. Muito pelo contrário. Para não variar neste período de férias, usei e abusei da leitura, como direi, light, sim light é a palavra certa. Certa mas não muito. Senão vejamos, lia cerca de um jornal desportivo, um diário de grande tiragem alternando entra público, diário de notícias e correio da manhã, sim correio da manhã, era à pala no café da praia... lia-o enquanto lambia o pequeno almoço... lambia, chupava, trincava, etc... era um gelado. Para além dos jornais entretive-me a colecionar as BDs que saiam com o record, conhecido diário desportivo, Lara Croft - Tomb Raider... que bela visão... a dela, claro. Mas muitas visões presenciei eu na praia... Todos os dias, das 11 às 13 na primeira semana e das 10 às 13 na segunda semana. Comecei a ir à praia mais cedo, andava a mikar uma gajita, sem muito sucesso contudo. A empregada do café da praia é que era interessante, tinha cara de maria madalena arrependida, mas não sei porquê sempre tive tendência para gostar desse tipo de mulher... marias madalenas arrependidas de horizonte perdido no olhar... ou talvez com o infinito nos olhos... são raras. Onde é que eu ia? Ah, pois, na leitura. Lá está, não li nada de jeito, e ainda bem, é da maneira que posso ler agora... tempo não me vai faltar. Mudando de assunto... parece que despacharam mais um iraquiano moderado... um xiita. Quero felicitar o governo dos estados unidos da américa do norte pelo fabuloso desempenho que estão a ter na tarefa titânica de criar uma zona de alta instabilidade no médio oriente. Parabens senhor Bush! Eu sei, que o senhor sabe, que eu sei, que nós sabemos que o senhor vai perder as próximas presidenciais americanas, mas não se preocupe, eu não digo a ninguém... Mas pense positivo, vai ter a companhia do senhor Blair, do senhor Aznar e do senhor Durão Burroso pelo menos ao que se sabe ao momento. Eu tenho fé! Fui espreitar uma missinha ontem lá em Armação de Pêra, onde estava... de um lado cantavam os padres, do outro lado da terrinha estavam os pseudo-índios sul-americanos a cantar as suas musicas acompanhadas de flautas de pam... Fiz um esforço enorme para me conter dentro da igreja... o ataque de riso foi quase inevitável... e a repulsa também... a missa era à noite... só la estive mais ou menos dois segundos... novo record pessoal... sem abandalhar. Estou farto de política... que se fodam os políticos... todos... Deviam-se exterminar todas os seres humanos que ja alguma vez tenham tido ideias de tipo político. O mundo seria bom! Estou de futuro incerto, não sei o que faça... se prolongue as férias, se vá trabalhar... Esperava por esta altura ter terminado o meu período de reflexão, mas têm-se revelado muito inútil. As ideias atravessam-me mas não ficam. Que futuro? As portas abrem-se, passo para o outro lado. À minha frente a luz cega com a sua intensidade. Estou cego, não sei para onde vou, mas sei que não volto para trás. Estou... de volta... ao meu espaço... está tudo na mesma...