quinta-feira, junho 1

Timor

A cretinice lamechas do "povo irmão cujas estruturas democráticas ainda são infantes e por isso o povo está confuso", veiculada pelos meios de comunicação, já irrita;
As reportagens, comentários, crónicas, notícias, limitando-se a debitar acontecimentos arbitrariamente sem um mínimo de enquadramento e análise, para não falar da tal "solidariedade fraterna", também.
O papel da Austrália no terreno, e até na origem do conflito, não é despiciendo. São conhecidos os seus interesses (petróleo, gás) na zona do mar de Timor. Também são conhecidos os seus métodos no tratamento de governos hostis (as ilhas Salomão sofreram de um processo de "assimilação" forçada há alguns anos - conflitos na rua; Austrália considera governo incompetente; desembarca os militares para restaurar a paz; mantém-se no País).
Mari Alkatiri, publicamente avesso aos aussies, Banco Mundial e FMI, e demasiado próximo da china, enceta uma política petrolífera que culmina na constituição de cinco contratos petrolíferos com a ENI e mais um com uma empresa indiana, não cedendo às pressões australianas.
John Howard, o primeiro-ministro Australiano, estranhamente ou não, envia de imediato tropas para Timor, a "pedido do governo" de Alkatiri, que odeia. Simultaneamente afirma que o País se tornou ingovernável e que irá assumir o controlo de todas as forças militares e civis na área (Jakarta disse o mesmo em 75).
Por outro lado, temos o Major Reinado, ex-exilado na Austrália, onde trabalhou nove anos e recebeu a sua formação militar na Academia Militar do país, liderando agora os insurrectos, nas montanhas. De notar ter sido despromovido anteriormente.