quarta-feira, janeiro 25

A morte

Apesar do que algumas pessoas parecem ver nas estrelas, não me parece que a astrologia preveja qualquer tipo de definhamento do Bloco. Apesar de resultados eleitorais aquém do desejado (mas não aquém do esperado), não me parece que isto se traduza nem na implosão do partido nem numa renovação interna.
Em primeiro lugar, o partido está suficientemente embrenhado no sistema político para que seja possível implodir facilmente. O Bloco há muito que deixou de se afirmar como movimento, designação que servia o propósito de encobrir resultados eleitorais fracos e se assumiu como partido no sentido mais convencional do termo. Um síntoma desta mudança foi o surgimento de reacções preocupadas em relação à possível participação do Bloco num governo PS.
Em segundo, a renovação interna não vai acontecer porque não há quem substitua os quadros existentes. A oposição à direcção do Bloco não é consistente nem séria, ora se revela no surgimento de moções alternativas em Convenção sem qualquer propósito político ou intenção de serem realmente alternativas, ora se revela no espernear frenético de um pequeno grupúsculo de dimensões residuais com muitas preocupações no que diz respeito à pureza ideológica do Bloco mas sem qualquer vontade ou capacidade de constituir uma alternativa devido à sua natureza parasitária.

A renovação interna precisa de ser feita, talvez até os resultados eleitorais em que, salvo erro, pela primeira vez o Bloco desce entre uma eleições e outras (talvez já tenha acontecido nas autárquicas) seja um resultado dessa necessidade. Mas o Bloco não precisa de estar constantemente a crescer para assegurar a sua existência. Com alguma sorte e vontade, talvez este período sem eleições que agora começa seja a oportunidade para fazer esta renovação.