quinta-feira, julho 15

Identidade do MUDA: O MUDA tem uma identidade e as suas características são as que os seus membros lhe conferem. Ora, sabendo nós que os membros do MUDA têm uma forma de ver a Academia diferente da generalidade dos estudantes, será que o MUDA pode aspirar a ser um movimento de massas? Há quem proponha que os membros do MUDA se devem aproximar ao "estudante comum", ir ao DD, ir à Vinyl, falar com as pessoas porque há betos que até têm ideias combativas em relação à Academia. De facto, essa ideia torna-se parte integrante da identidade do MUDA se os seus membros a defenderem, o problema é que quem a defende vê esta aproximação como um esforço, um frete necessário para "ganhar" gente. O que acontece é que (1) a característica principal do MUDA é a sua radicalidade e o grupo dos "estudantes-alvo" não é radical, simplesmente, tem umas ideias críticas em relação à Academia; (2) as pessoas podem não ser radicais por não terem informação suficiente (duvido) mas mesmo que fosse o caso, o MUDA não é nem pode ser uma escola, um lugar de formação de radicais. Em suma, nem o MUDA deve mudar em função da maioria dos estudantes, nem os estudantes são "mudáveis" (no duplo sentido da palavra neste contexto). Somos uma elite? Talvez, mas apenas no sentido em que somos uma minoria que puxa a Academia para a radicalização. Devemos deixar de ser uma elite? Obviamente, mas nunca à custa da ideologia radical que pretendemos assumir.

Eleições e o MUDA: As eleições são uma ferramenta importante de ampliação do movimento na medida em que a cobertura mediática é um importante veículo de ideias. As eleições, em si, não têm nada de mal, o problema é quando as eleições se tornam um fim. É aí que surgem as Correntes Alternativas e a descaracterização do MUDA como forma de ganhar votos. As eleições são um processo competitivo onde passa a importar o cacique, a demagogia, a jogada de bastidores, a mentira, o eleitoralismo. É nesse sentido que me parece que o MUDA se deve apresentar a eleições sempre que for possível mas sem eleitoralismos, sem contar os votos, sem falsos consensos. O problema não está no poder em si, mas na vocação de poder que se pode querer imputar ao MUDA.

O futuro do MUDA: Há elementos do MUDA que, num futuro próximo, vão deixar de o ser, elementos que fizeram o seu percurso académico e que o estão a acabar. São elementos que não são bem vistos por grande parte da Academia, os "mudescos de barbas longas e charros na mão". Mas, e apesar de muitas diferenças ideológicas que possa ter com eles, são (eram) elementos que compunham o motor, a gasolina e a carroçaria do MUDA. Sem estes membros, é difícl adivinhar o futuro do movimento na medida em que se por uma lado pode ser vantajoso, por outro é claramente desvantajoso. A única saída do MUDA é fazer com que TODO o movimento faça o trabalho que apenas alguns membros têm vindo a fazer, assumindo o controlo, orientando, exercendo pressão sobre os órgãos de decisão. O que acontece é que se essa pressão era até agora facilitada pelo estatuto que os membros de falo detinham no saio de Academia, ela agora só pode set feita através de um estatuto colectivo que só se pode obter com um MUDA forte, com muitos apoiantes e, acima de tudo, radical.

Não sei se queria escrever mais alguma coisa mas no meio de todo este texto perdi-me um bocado. Qualquer coisinha e volto a postar.