segunda-feira, novembro 6

Liberdade, Democracia e Direitos Humanos (sem aspas!!!)...

O primeiro-ministro José Sócrates afirmou: "Em matéria de visão humanista e respeito pelos direitos humanos, não encontro melhor exemplo do que os EUA, a política externa [norte-americana] valoriza estes pontos." [in DN]
Todos condenamos as atrocidades cometidas pelo regime de Saddam Hussein. Mas nenhum de nós, europeus, pode orgulhar-se da forma como foi julgado e da sentença ontem proferida.
Advogados de defesa assassinados, juízes substituídos, testemunhas amedrontadas e um tribunal sem independência do poder político e a funcionar num país em guerra descrevem o ambiente em que foram julgados os oito réus. Pode alguém no universo dos países que se consideram defensores do Estado de direito considerar este julgamento justo? E pode alguém defensor da dignidade humana concordar com a pena de morte?
É aterrador olhar para o que se passou no Iraque e no mundo desde que Saddam Hussein foi deposto em Março de 2003. A prisão de Guantánamo, os abusos das forças armadas norte-americanas e britânicas no Iraque e a guerra que desde então ali se vive rivalizam com as atrocidades cometidas pelo ditador Saddam.
A arrogância de impor eleições sem liberdade e respeito pelos direitos humanos é a negação da democracia. É convidar à revolta e cavar fundo o fosso que separa as ditaduras das democracias.
Validar um julgamento com regras quase iguais às do ditador e aceitar a pena de morte faz de nós cúmplices das atrocidades de Saddam. E apenas alimenta a raiva que gera terroristas e abre portas a mais ditadores.
Os Estados Unidos e o Reino Unido parecem estar a combater contra a democracia.
[in editorial do DN]
A pena de morte não é justiça, é assassínio de Estado. O crime ilegal compromete apenas o agressor, o crime legal - da pena de morte - compromete a sociedade. Todos os seres humanos, mesmo os criminosos, têm o direito de morrer a sua própria morte. [in JN]