terça-feira, outubro 5

Fim do Serviço Militar Obrigatório: Suma Leviandade

Em resposta a este hilariante artigo http://jornal.publico.pt/2004/10/05/EspacoPublico/O05.html mandei esta carta para o Público. Como não vai ser publicada, aqui vai:



À parte qualquer aspiração sociológica de João José Brandão Ferreira (JJBF) levada a cabo no mencionado artigo de forma disparatada. A opinião de que houve uma "errada e errónea avaliação da situação, nomeadamente no que toca ao julgamento que a opinião pública (mesmo na sua componente mais jovem) vem da mesma pessoa que afirma que um dos maiores problemas com o fim do SMO é a incapacidade de "recrutar voluntários"? A falta de qualificações dos voluntários espelha, precisamente, a forma como o Serviço Militar é encarado como recurso, como forma de obter um emprego remunerado.
Quanto à "teoria da conspiração", nada a dizer. O que dizer do financiamento dado a uma instituição que apenas serve para fazer trabalho de policiamento (logo, próprio de forças policiais) e levar a cabo guerras "humanitárias"? E o ataque à IM? Será feito através da sistemática ocultação de um regime de Serviço Cívico alternativo cujos requisitos são absolutamente ridículos e que consiste(ia) em 7 meses de trabalho de escravo numa qualquer instituição pública? No que diz respeito às "referências da sociedade", JJBF indica claramente o que torna a IM anti-democrática e as razões pelas quais ela devia ser abolida, pela defesa dos valores democráticos e de liberdade.
A sociedade autoritária preconizada por JJBF está a anos-luz das revindicações democráticas pelas quais nos devemos bater e representa na perfeição o produto da IM. Agradeço, portanto, a JJBF o excelente artigo contra o militarismo e a Instituição Militar.