segunda-feira, novembro 17

Em consequência dos últimos acontecimentos, que colocaram estudantes e professores em lados opostos da barricada, renasceu o clima de culpabilização e julgamento do movimento académico, remetendo-lhe o papel de touro ferido. Os que julgam, limitados por uma intransigência e arrogância paternalistas, não têm consciência do que pedem ao exigir responsabilidade e respeito aos estudantes, arrogando-se detentores da base moral, transformando o relativismo e a reciprocidade desses conceitos num absolutismo arcaico. Pedem tão só que os jovens se limitem ao exercício de mímica dos processos institucionalizados, que cooperem com a estagnação, que participem no encobrimento da manutenção do statu quo, sem espaço para inovação, para a imaginação, para a aprendizagem, numa palavra, para a reinvenção.

É extremamente importante garantir esse espaço aos estudantes, o espaço de constante aprendizagem - também com os seus erros, de cruzamento das várias ideias dos actores neste palco, de desenvolvimento dos processos de construção da Universidade, de experiências que permitam, inclusivé, refundar a democracia.

O entorpecimento deste experiencialismo, que se tem revelado através da prática de um autoritarismo medieval, limita a criatividade na procura de novas soluções, e enfraquece, para além de qualquer dúvida, o desenvolvimento e inovação da Universidade, na busca da excelência, para além de objectivos meramente competitivos.

Por isso, há que discutir, há que compreender e, acima de tudo, há que garantir as condições para que os jovens tenham oportunidade de Aprender na Universidade, com a Universidade, em plena reciprocidade, em que esta também aprenda com eles e possa tirar partido da sua experiência.